sábado, 8 de março de 2008

Forte luz.

Da janela despertou aquele desejo, pois lá de fora, uma forte luz o chamava incansavelmente e seus olhos curiosos não podiam fugir. Não tinha forma, não haviam mais sombras, tudo estava coberto por aquela luz. Quando se debruçou na humilde janela de madeira, paralisou e ali ficou por alguns minutos e enquanto ali permanecia, sem mesmo piscar, começava a perder sua consciência - então compreendia a forma daquela luz.
Penetrando mais profundamente os olhos naquela indecifrável forma luminosa, começava a ver uma sombra dentro de si, que pouco a pouco ia sumindo na mesma velocidade em que a luz ia passando de seus olhos e tomava conta de sua mente.
Concentrado ali, podia ver que era cristalina e não podia mais fechar seus olhos, não podia mais respirar, o vento entrava rapidamente e cada vez mais rápido - fora de controle, parecia não ter limite e aquela era uma sensação prazerosa que logo viria a ser cansativa, isso é, se ele estivesse naquele momento consciente.
Com o tempo, depois de a luz chegar internamente aos seus pés, preenchendo lado a lado, todo canto de seu corpo e mente, começa retornar a consciência e ar não lhe falta. Mas falta sim, algo - algo que havia perdido naquela imensidão de luz. Em sua confusa mente havia uma impressão de que segundos atrás sabia sobre tudo e toda sua vida, da vida dos outros também, mas não lembrava mais de nada e nem teria certeza se perguntassem quem era ele.
Tomou d'um copo que perto dali estava e agora podia fechar seus olhos, estava refrescado e muito assustado, confuso e perturbado, não sabia se realmente viu aquilo. Aquilo que por algum motivo, retirava todas suas curiosidades que até ali tinha, retirava também todas suas vontades, sonhos, e com certeza, se ninguém entrasse por aquela porta, que se encontrava logo ao lado da janela, não sairia de casa e nunca mais viria o mundo.
Estava no chão, chorando sobre a madeira escura que o sustentava. Não teria mais seus motivos para viver, quando derrepente caem lágrimas de outra pessoa, que embora ele não soubesse, estava ali escondida, atrás da cortina da janela - acompanhou tudo, não viu luz alguma e estava disposta a ajuda-lo, mas estava naturalmente assustada e confusa também.
Conversaram e logo tudo se acalmou, por um sonho não viveu e passou a vida tentando esquecer do sonho que havia tido aquela noite - tristes estrelas que o acompanharam.

...Eu não falava de crença.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bom cara!

continue assim